segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Lila

(Rio de Janeiro/1921 ***** 2009)

Margarida Oliveira, conhecida artisticamente primeiramente como Lila Margarida e depois apenas como Lila, era irmã de Dalva de Oliveira.

Em 1946 fez parte do Trio Madrigal porém por apenas seis meses, já que saiu do trio para se casar. Foi também uma das pastoras de Ataulfo Alves.

Com o nome de Lila Margarida, gravou alguns 78's em companhia da irmã Dalva de Oliveira, como em “Doce mentira” (Odeon – 1959).

Lila foi"crooner" da boate Drink (ao lado de Sandra), nos anos 60, onde participou do conjunto de Djalma Ferreira, os “Milionários do Ritmo”, fazendo parte no coro feminino.

O primeiro disco da cantora chamou-se “A madrugada na voz” (Columbia/1961). O disco é sambalanço em estado bruto, com acompanhamento do conjunto do maestro, arranjador e trombonista Astor Silva, residente da gravadora Columbia. Samba de gafieira, samba de boate, samba de “teleco-teco”, sambolero... Os arranjos eram jazzísticos, com solos de guitarra, metais e um piano rítmico, bem percussivo. O côro formado pelas vozes dos músicos suingava com o restante do conjunto. Da mistura de todos esses sub-gêneros do samba, tidos como popularescos, surgiria o cultuado e refinado “samba-jazz”, ápice da originalidade à brasileira.

Ainda não vertidos para o “samba-jazz”, do primeiro disco de Lila, dois temas se tornaram clássicos do estilo: “Nunca mais”, de letra melancólica, mas com ritmo contagiante, um “lamento” na voz de Lila, e “Olhou pra mim”, com introdução explosiva, levada adiante pela guitarra, ambos compostos por Ed Lincoln e Sílvio César.

“Vai com deus”, de Luís Bandeira e Sílvio César é um autêntico sambolero. “Saudade intrusa”, de Vadico, parceiro de Noel Rosa, usa da tentativa de urbanização das favelas para tratar da decepção amorosa: “Apesar do seu desejo, não há ordem de despejo que me arranque daqui”.

No seu segundo disco, “Gosto da noite” (CBS/1963), Lila contou com acompanhamento do conjunto da casa, já acrescido de um balançante órgão, instrumento que tão bem se adaptou à sonoridade do LP, cujo repertório teve metade das faixas ocupada por composições de Sílvio César.

“É um estouro”, de Jayme Silva e Neuza Teixeira (os mesmos autores de “O pato”, que se transformou em “standard” na interpretação de João Gilberto) abre o disco, e Lila nos conta a história da mulata dançarina de boate, que deveria ser efetivamente “um estouro”.

A faixa-título, a única balada do álbum, de Newton Pereira e Ivan Paulo da Silva, o maestro Carioca, é chorosa, matéria-prima para a boemia do início dos 1960: “Somente a noite é companheira, fiel à minha dor, somente a noite sabe onde está o meu amor”. Com swingue irrestível, “Conselho a quem quiser voltar” e “Pra quê?”, do quase onipresente Sílvio César, foram “música de fundo” de muitas reconciliações amorosas, apesar do ritmo cadenciado e da irreverência da letra desta última, na voz doce de Lila: “Pra que fazer comédia assim? Se eu gosto de você, e você gosta de mim”.

Lilá gravou apenas dois discos e posteriormente abandonou a carreira musical.

Fonte: Revistazingu.net e Toque-musical blogspot.

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